sábado, 28 de novembro de 2009

Do Rio a Copenhague: entenda a história antes da COP15



De 3 a 14 de junho de 1992, chefes de Estado e representantes de 172 governos de todo o mundo se encontraram no Rio de Janeiro. Os antecedentes para a reunião não eram muito animadores. Dois anos antes, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), ligado à ONU, em seu primeiro relatório de síntese, apontou que havia um risco real de que as atividades humanas - especialmente o consumo de carvão, óleo e gás - poderiam afetar o ambiente terrestre de um modo até hoje nunca visto e potencialmente muito sério. A mensagem era "o futuro da Terra está em perigo".

A conferência do Rio - que foi oficialmente denominada de Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, mas ficou mais conhecida como "Eco-92" - foi organizada com base neste alerta. Ela resultou no primeiro acordo internacional para limitar a emissão de gases do efeito estufa (GEE): a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC).

A convenção recebe o nome de "convenção quadro" porque não representa a última palavra na luta contra o aquecimento global. É afirmado no tratado que haverá revisões e expansões ao longo do tempo. Ele não estabelece metas obrigatórias, mas pretende fazer com que os países membros reduzam suas emissões com o objetivo de prevenir interferências perigosas do homem no sistema climático da Terra. O objetivo era que as emissões de GEE em 2000 não superassem as de 1990.

Mais de 150 países assinaram a convenção climática na conferência do Rio e em 21 de março de 1994 a CQNUMC entrou em vigor após ser ratificada ou aprovada por pelo menos 50 países. Assim, ela se tornou obrigatória.

Durante os anos 1990, ficou claro que a Convenção, sozinha, não mudaria a tendência de emissões cada vez maiores de GEE. Por isso, em 1997, a CQNUMC foi expandida para incluir o Protocolo de Kyoto, que pela primeira vez estabeleceu metas obrigatórias para a redução de emissões em 37 países industrializados até 2012. Um grupo de nações que assinou a convenção quadro não ratificou o protocolo - entre eles, os Estados Unidos.

O Protocolo de Kyoto diz respeito às emissões entre 2008 a 2012. Na 13ª conferência anual dos países membros (COP13) em Bali, na Indonésia, decidiu-se trabalhar por uma continuação para os anos seguintes. O plano definido na época visa alcançar um novo acordo, que será negociado na 15ª conferência anual, em Copenhague, a partir do dia 7 de dezembro.

Créditos: Ministério do Clima e da Energia da Dinamarca/Site oficial da COP15
Traduzido dos originais em inglês e espanhol por Felipe Saldanha

Foto: montagem sobre logo da COP15

domingo, 22 de novembro de 2009

Flash mob na praia: uma ação pelo clima

(clique para ampliar)

Iniciativa criativa e interessante para sensibilizar mais pessoas sobre o problema das mudanças climáticas. Boa dica para quem mora ou está em qualquer cidade do litoral. Um evento parecido aconteceu na Avenida Paulista, em São Paulo (SP), no mês de setembro, organizada pelo TicTacTicTac.

Flash mobs são aglomerações instantâneas de pessoas em um local público, para realizar determinada ação inusitada, previamente combinada, após o que as pessoas se dispersam tão rapidamente quanto se reuniram. A expressão geralmente se aplica a reuniões organizadas através de e-mails ou dos meios de comunicação social. (Fonte: Wikipédia)

Via Monique Futscher, do Mimirabolantes, e Cristiane Iannacconi, do Ciclicca.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Videocast #1 - Moda e Ecologia

No primeiro videocast do Blog do Jogo Limpo você vai descobrir o que moda tem a ver com ecologia e conferir os vestidos criativos e sustentáveis que os estudantes de Uberlândia estão elaborando!



Saiba mais: Ecologia (re)inventando moda

sábado, 14 de novembro de 2009

Como a mente compreende as mudanças climáticas?


Um guia baseado em pesquisas tenta estreitar a distância entre informação e ação.

Uma enquete recente revela: o número de americanos que acredita no fato de a atividade humana mudar o clima da Terra está diminuindo - de 47%, caiu para 36% - mesmo com dados científicos de peso que continuam crescendo rapidamente. Uma nova publicação investiga o que se passa na mente humana para causar essa contradição, e o que os comunicadores da ciência climática podem fazer a respeito disso.

O guia de 43 páginas, The Psychology of Climate Change Communication (A Psicologia da Comunicação nas Mudanças Climáticas, ainda sem tradução para o português), lançado no dia 4 de novembro pelo Centro de Pesquisas sobre Decisões Ambientais (CRED, na sigla em inglês) da Universidade de Columbia, analisa como as pessoas processam as informações e decidem agir, ou não. Usando pesquisas sobre as reações de grupos tão diferentes quanto fazendeiros africanos e eleitores conservadores dos Estados Unidos, ele oferece ideias para que cientistas, educadores, jornalistas e outros possam efetivamente se conectar com o resto do mundo.

Para os não-cientistas, o clima pode parecer ora confuso, ora opressivo e ora politicamente tendencioso, dizem as autoras Debika Shome e Sabine Marx. O guia mostra como o conhecimento científico em evolução pode ser transmitido sem enfrentar obstáculos previsíveis. Usando oito princípios básicos, ele identifica táticas que cientistas e profissionais podem utilizar para aumentar as chances de as pessoas entenderem o que eles estão dizendo e, quando apropriado, se mobilizarem. Isso inclui focar questões complexas de maneira que as pessoas possam relacionar a sua própria realidade. (Nova-iorquinos podem ser mais sensíveis à ideia de que a subida do nível do mar ameaça inundar seus metrôs, do que à ideia de que isso também afeta grande parte de Bangladesh.) As autoras dizem que cientistas e jornalistas também precisam fazer um trabalho melhor de escolha ao focar o que merece atenção ao invés de se aterem a incertezas menores - por exemplo, concentrar-se no forte consenso de que o nível do mar crescerá no século 21, em vez de confundir leitores com discordâncias sobre quanto exatamente esse nível crescerá.

“Ganhar o apoio do público para as políticas sobre mudanças climáticas e encorajar um comportamento ambientalmente responsável dependem de um entendimento claro de como as pessoas processam informação e tomam decisões”, dizem Shome e Marx. “As ciências sociais fornecem uma parte essencial deste quebra-cabeça”.

Cópias impressas gratuitas e uma versão online interativa do guia estão disponíveis no site do CRED.

Ilustração: Ian Webster (retirada da versão online do guia)

Texto original em inglês enviado por: Prof. Renzo Taddei/Universidade Federal do Rio de Janeiro e Profa. Mirna Tonus/Universidade Federal de Uberlândia

Tradução livre e adaptação: Felipe Saldanha e Paula Arantes

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Copenhague: o Brasil vai dar o exemplo?


A vinte e seis dias da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, o Brasil ainda não definiu uma proposta clara para apresentar em Copenhague. O presidente Lula continua criticando a postura das nações mais ricas de pressionar o governo brasileiro, alegando que os "compromissos" precisam ser "proporcionais à responsabilidade de cada país". Segundo ele, só a postura de garantir a diminuição do desmatamento em 80% até 2020, assumida recentemente, já é “um megacompromisso”.

A falta de definição de metas para reduzir a emissão de gases pode fazer com que o país tenha menos chances de ser visto, no encontro, como um exemplo para o mundo - mesmo que a ministra Dilma tenha assegurado que o Brasil terá uma posição clara, mas, ao que tudo indica, baseada apenas em compromissos voluntários.

O que a imprensa está noticiando sobre o assunto?

Valor OnLine*: Acordo sobre clima depende do comparecimento em Copenhague, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje que está otimista em relação à possibilidade de um bom acordo sobre o clima durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em dezembro, em Copenhague (Dinamarca). Ele destacou, entretanto, que tudo vai depender da presença de líderes mundiais no encontro.

Em seu programa semanal Café com o Presidente, Lula voltou a acusar os países ricos de terem "maior responsabilidade" em assuntos climáticos, uma vez que vivenciam um processo de industrialização mais longo.

"Esses países emitiram muito mais gás de efeito estufa do que os países que estão se desenvolvendo no século 20 e no século 21. Portanto, é importante que os compromissos sejam de todos, mas que sejam proporcionais à responsabilidade de cada país", disse.

Agência Brasil**: Compromisso do Brasil de redução de emissão de gases estufa pode chegar a 40%, diz Dilma
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rouseff, afirmou na segunda-feira (9) que o Brasil poderá assumir um compromisso voluntário em Copenhague, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, de redução de cerca de 40% das emissões de gases de efeito estufa até 2020. (...)

Segundo a ministra, o compromisso voluntário de reduções ainda não foi fechado porque o governo “não pode achar”. “Nós somos o governo só vamos assumir o que é possível. Falta fazer avaliações consistentes porque temos que provar o que pode ser feito e ter políticas para fazê-lo. Não temos metas a cumprir, temos compromissos voluntários”, explicou a ministra. (...)

Para a ministra, o crescimento econômico não vai prejudicar os compromissos de redução de emissão de gases poluentes. “Estamos fazendo tudo para assegurar que uma coisa não comprometa a outra”, disse.

Estadão Online**: Lula: desmatamento 80% menor já é "megacompromisso"
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizou que o Brasil não deve apresentar uma meta ambiciosa para diminuir a emissão de gases causadores do efeito estufa na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15), que será realizada em Copenhague, no início de dezembro. "Eu já assumi no dia 23 de setembro na ONU um compromisso, que é um megacompromisso, de diminuir o desmatamento em 80% até 2020", afirmou Lula, para uma plateia de mais de 800 pessoas que assistia ao 12º Congresso do PCdoB, na capital paulista.

A adoção de uma meta para a redução de emissões é um assunto que divide o governo. Enquanto o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, defende a meta dos 40%, outros, como a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, almejam um número que não prejudique o potencial de crescimento econômico do País. Segundo o governo, a diminuição do desmatamento em 80% até 2020 já diminuiria as emissões em pelo menos 20%.

* Via G1. ** Via AmbienteBrasil.

Foto: Dieter Spannknebel/Getty Images

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Ecologia (re)inventando moda

Da colaboradora Paula Arantes


“Há muitos estudantes de design criando, mas há poucos espaços onde mostrar e vender esses produtos”, disse Josefina Heiremans, sócia de uma agência de gestão de desenho, sobre jovens designers que estão apostando na reciclagem e em materiais naturais para desenvolver seus roupas e acessórios.

Esse namoro da moda com a ecologia já existe há algum tempo e essa parceria promete ser duradoura. O Brasil já se destaca como produtor de matéria-prima para algumas das grifes verdes mais consumidas no exterior – como os tênis Veja, ícones fashion entre os europeus antenados com a preservação do planeta. Associações de seringueiros da Amazônia extraem a borracha para o solado, cooperativas do Nordeste produzem algodão orgânico (sem transgênicos e fertilizantes químicos, nem pesticidas), e a montagem dos calçados gera empregos na periferia de Porto Alegre.

É nesse sentido que alguns alunos do 4º período do curso de Design de Moda da Unitri produziram looks que deram o que falar. Entre as criações, que mostram todo o talento desses futuros profissionais, estão modelos com sacolinhas plásticas, jornais e retalhos de tecidos que foram expostos no 5º Fórum de Moda com Ideias que aconteceu em Uberlândia, no Center Convention, entre os dias 21 e 22 de outubro.

[O Blog do Jogo Limpo esteve lá cobrindo o evento! Aguarde nosso videocast!]

Segundo Sônia Medeiros, aluna e uma das organizadoras do evento, a ideia era reaproveitar os materiais que eles já tinham na faculdade. Sobre um vestido feito por ela com as sacolas plásticas, a estudante contou que foi uma forma de protesto para tocar na consciência das pessoas, incentivando a não utilização dessas sacolas. Cada vez mais lugares ao redor do mundo proíbem sua distribuição. China, Inglaterra, Austrália e algumas cidades dos Estados Unidos possuem planos para erradicá-las ou para cobrar por sua distribuição.

[Leia também: cobertura especial - por que as sacolinhas plásticas são um problema?]

Sônia disse ainda que “a roupa que você veste é a mensagem que você passa”, ou seja, através do que cada pessoa veste é possível identificar quais são suas preferências e ideias ou que mensagem essae indivíduo deseja passar.

Outro aluno, João Martins, que criou sua peça com jornal, falou sobre a importância dessa experiência, por ser uma forma de conscientização e de contribuir com o planeta, diante de assuntos tão em pauta como meio ambiente, ecologia e sustentabilidade. “É uma experiência que vai ficar para sempre”, revelou João.

De acordo com a professora de Pesquisa e Criação, Clerce Barbosa, as criações surgem com base em temas escolhidos pelos próprios alunos. Este ano, dentro das ideias de tendências para o Inverno 2010, nasceu a proposta da reciclagem. Segundo Clerce, várias disciplinas já trabalham com reaproveitamento de materiais. Para ela, a geração atual já está bem mais informada sobre esses temas tão polêmicos.

Pelo mundo, vemos também outros designers preocupados com esses assuntos. A designer argentina Laura Novik, analista de tendência de moda, disse que sustentável não é apenas sinônimo de reutilização e reciclagem. “Também é sustentável permitir que em seu produto trabalhe comunidades emergentes e conseguir que seu produto permita que determinadas tradições artesanais persistam neste mundo contemporâneo. Tudo isso é sustentabilidade: cultural, social, ambiental”, disse Novik, que vive no Chile há seis anos. E completa dizendo que “o design é uma ferramenta muito poderosa, que pode transformar consciências. A ideia é abrir muitas portas a partir de diferentes pontos”.

Com informações da Envolverde/Terramérica

Foto: same_same/Flickr

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Top Blog: emoção!


Estamos devendo este post há um bom tempo. Mas, nas últimas semanas, nossa rotina ficou um pouco apertada e precisávamos de tempo para registrar, de forma apropriada, todas as coisas boas que aconteceram recentemente.

Embora o selinho já esteja aí do lado desde setembro, queremos deixar registrados para os visitantes e apoiadores do Blog do Jogo Limpo nossos sentimentos de profunda emoção e gratidão por termos conseguido o TOP 1 no Prêmio Top Blog 2009, categoria Sustentabilidade, grupo Pessoal, Júri Acadêmico.

Publicamos um texto sobre a premiação no portal do Projeto Jogo Limpo, falando um pouco da experiência de manter um blog e de como foi a premiação:

O reconhecimento motiva os voluntários a continuar seu trabalho. Visitar sites nacionais e internacionais, conversar com outros blogueiros e trocar ideias em redes sociais fazem parte da busca diária por temas relevantes para a redação dos posts. Os colaboradores também enriquecem o conteúdo com fotos, vídeos e indicações para outros sites e blogs, além de compartilhar o material com a blogosfera. (...)

O Top Blog foi criado em março de 2009 e, além do prêmio, também é constituído por um portal de conteúdo e uma ferramenta de indexação de blogs com foco no conteúdo participativo produzido em língua portuguesa. O portal conta ainda com 20 colunistas que publicam textos sobre suas especialidades.
Mas o mais surpreendente foi a repercussão que o Blog do Jogo Limpo ganhou depois desse reconhecimento. A Assessoria de Comunicação da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) fez uma reportagem comigo sobre o blog e o projeto. O texto saiu na página inicial da UFU (nossos acessos dobraram nos dias em que o link ficou no ar) e foi divulgado para a imprensa.

Com isso, também aparecemos na TV Universitária, nos jornais Correio de Uberlândia e Gazeta de Uberlândia e no site Página Cultural. E o apresentador Hugueney Bisneto, também aqui da cidade, me convidou para uma entrevista sobre o Jogo Limpo. Ele também vai dar o apoio para a causa através de seu blog pessoal, o HBlog.

Não há palavras para descrever a nossa felicidade. Portanto, a melhor maneira de expressá-lo é agradecendo as pessoas que permitiram com que chegássemos até aqui, em especial a equipe da OPA - Organização para a Proteção Ambiental, o pessoal da UFU (e do curso de Comunicação Social - Jornalismo, o novo parceiro do Projeto Jogo Limpo), nossos amigos blogueiros e você, visitante, que está sempre convidado a se juntar a nós para debater, discutir e agir!

Felipe Saldanha