quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Avatar e as fábulas do século XXI


Os alienígenas azuis são um exemplo de protagonistas das lendas modernas.

Quem não assistiu a Avatar, nem precisa ler uma introdução explicando do que se trata: o filme dispensa apresentações. Quem já assistiu, sabe que a produção de James Cameron é de encher os olhos graças às imagens coloridas e produzidas com moderna tecnologia cinematográfica. Mas não é por causa da qualidade técnica que estamos falando de Avatar, e sim devido à maneira original como esta produção transmite uma mensagem de fundo ambiental.

(Não vou contar o final, mas tome cuidado se você ainda não assistiu ao filme: este texto contém alguns spoilers – revelações sobre o roteiro.)

No enredo, Jake Sully (interpretado por Sam Worthington) é um soldado paralítico que viaja para o planeta Pandora, onde recebe a missão de se infiltrar entre os nativos, chamados de Na’vi, e convencê-los a permitir que os terráqueos explorem suas reservas naturais. Na equipe de humanos, estão a Dra. Grace Augustine (Sigourney Weaver) e o Coronel Miles Quaritch (Stephen Lang), responsável pela missão, que não hesitará em utilizar força militar, se necessário, para alcançar seu objetivo. Ao se misturar com os Na’vi, Jake conhece Neytiri (Joe Saldana), que vai ajudá-lo a compreender um dos princípios mais fundamentais para seu povo: o de que tudo na natureza está interligado. Sua divindade – chamada Eywa – pode ser considerada a própria natureza.

O povo Na’vi lembra um pouco os povos indígenas do Brasil, não por viver sem roupas, mas por desenvolver sua sociedade de forma a obter da natureza o necessário para manter suas vidas, sem esgotá-la. Em outras palavras, a grande lição de Avatar não é simplesmente “vamos viver pelados no meio da selva”. O filme nos avisa que estamos tirando da natureza mais do que ela pode suportar, e o que é pior: para fins que talvez não sejam tão necessários. (Na trama, Neytiri diz a Jake que os Na’vi não precisam de certas coisas às quais dão os humanos tanto valor.)

Pode haver críticas à postura defendida pelo filme de dar mais valor ao espiritual/ambiental do que ao econômico, mas, na verdade, Avatar mostra que a economia pode ser equilibrada com a ecologia (saiba mais), e que uma pode até ajudar a outra. Sem entrar no mérito dos aspectos éticos e científicos que justificam a preservação da natureza, eis um exemplo que podemos tirar do próprio filme.


A árvore versus os seres humanos: quem vai levar a melhor?

O principal objetivo dos humanos em Pandora é explorar um reservatório de unobtanium, um precioso minério. Para isso, seria necessário derrubar uma árvore gigante (sagrada para os Na’vi) localizada bem acima do reservatório. Entretanto, a Dra. Grace alerta o Coronel Quaritch para o fato de que a árvore era uma maravilha da biologia, por possuir terminações nervosas parecidas com neurônios, que poderiam armazenar mais informações que o próprio cérebro humano.

Ora, armazenamento de informações é justamente um ponto crucial para o desenvolvimento da informática. Quantos investimentos não são feitos todos os anos em pesquisas para desenvolver chips cada vez menores e mais poderosos? Portanto, será que tomar a decisão de manter a árvore em pé, investigar suas capacidades especiais e assim aprimorar a tecnologia humana não seria mais inteligente, tanto do ponto vista ambiental quanto do econômico?

Outro aspecto ambiental é abordado no momento em que Jake pede para Eywa proteger os Na’vi dos humanos, ao que Neytiri o adverte: “A natureza não toma partido. Ela só garante o equilíbrio da vida”. Com esta frase, percebemos que os habitantes de um planeta não são mais poderosos do que o próprio planeta, e que as espécies que contribuem para a manutenção da vida, e não para sua destruição, serão preservadas, pela lógica da natureza. Esse tema já foi discutido aqui no Blog há algum tempo:
Na verdade, mesmo que o homem destruísse a superfície terrestre, a evolução faria com que novas espécies surgissem e novos ecossistemas se desenvolvessem. Não voltaríamos ao estado inicial, mas a natureza continuaria seu caminho. Sem a humanidade. (...) Portanto, “salvar o planeta” não é uma expressão muito adequada, pois implica uma relação inexistente de dominação do homem sobre a Terra. (...) Por isso, até certo ponto, a luta pela preservação da natureza é uma luta pela preservação da humanidade. Somos apenas inquilinos do mundo!


Máquinas militares cortando os ares de Pandora: uma luta perdida?

Voltemos agora ao título deste post. O que são, afinal, as “fábulas do século XXI”?

O fato é que Avatar não é a primeira história a utilizar a fantasia embutida com lições de moral para transmitir uma mensagem ecológica (ingredientes perfeitos para os sucessores modernos dos contos de fadas). Outro filme já fizera isso em 2009 e, como Avatar, lançou mão de computação gráfica, criatividade e uma qualidade cinematográfica que lhe rendeu o Oscar de Melhor Filme de Animação: Wall-E, da Disney/Pixar. Neste filme, a Terra é abandonada pelos humanos, depois de tornar-se inabitável por causa da poluição. Mas a esperança pôde ser renovada quando, séculos depois, a vida ressurge com o nascimento de uma pequena plantinha.

O que torna o filme da Disney diferente de Avatar é que, neste último, o público é estimulado a mudar de atitude não só pela dor que sente ao testemunhar a destruição de um habitat preservado, como também pelo prazer proporcionado ao Ver belas cenas que ilustram o ambiente natural preservado. E o verbo “Ver” aqui tem duas conotações: pode ter o significado tanto de enxergar, no aspecto meramente visual, quanto de sentir a profunda conexão na qual todos os seres vivos – inclusive nós – estão mergulhados. Não é à toa que os Na’vi não se cumprimentam com “oi” ou “tudo bem?”, mas sim dizendo: “Eu Vejo você”.

Que Avatar divirta e entretenha seus espectadores, mas que ajude-os também a refletir um pouco sobre seu próprio comportamento. Tomara que a seguinte fala de Jake seja um alerta, e não uma profecia:

“Lá de onde eu venho, mataram a nossa mãe. E agora, querem matar Eywa”.

Fotos: IMDb

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Sustentabilidade na tela da MTV


(atualizado em 22 de janeiro)

Como falar de sustentabilidade para jovens de maneira inteligente e atrativa? Este foi o desafio da MTV ao produzir o programa “Plano MTV”, exibido todas as sextas-feiras às 21h45. Com duração de 15 minutos, a atração apresenta debates sobre preservação do meio ambiente, tecnologia verde e educação, além de minidocumentários filmados em todas as regiões do Brasil: da Bahia ao Amazonas, do Rio de Janeiro a São Paulo. A edição é diferenciada, em ritmo de videoclipe. “Frases soltas e coladas umas às outras, informações escritas na tela, telas divididas, lindas imagens captadas pela equipe - tudo para dar a impressão de que o programa é o nosso próprio raciocínio sobre esse tema. Às vezes caótico, Às vezes lúcido, mas sempre em busca de compreensão e soluções”, explica a VJ Luisa Micheletti, apresentadora do programa.

“Plano MTV” é dirigido por Mauro Dahmer, responsável pelas vinhetas e campanhas sociais da emissora. A intenção é apresentar algo “criativo e provocador”, segundo o diretor. Convidados de destaque na área socioambiental, como o rapper MV Bill, cofundador da Central Única de Favelas (CUFA), e outros criadores de projetos ecológicos, enriquecem a atração com seus depoimentos. Estudantes, ativistas e outros jovens também discutem os temas abordados – são oito ao total: economia, meio ambiente, política, educação, saúde, tecnologias verdes, Copenhague e comportamento. O debate continua online, no Twitter e no Facebook do programa. Os programas já exibidos também são disponibilizados no site.


Em entrevista ao Colherada Cultural, Luisa explica que um dos pontos fortes do “Plano MTV” é conduzir o debate com o posicionamento do espectador. “Eu não sou antropóloga, nem ativista. Sou uma comunicadora que acha importante falar desse assunto, como ser humano. As perguntas que eu faço são as perguntas que a audiência faria.” Ela também avaliou a recepção do público, através do seu blog, e percebeu que alguns telespectadores estão muito interessados, e outros, nem tanto. “Mas tudo bem, é impossível falar para 100% das pessoas. Se algumas se interessarem e realmente promoverem alguma mudança em suas vidas, já valeu a pena”.

Assista ao programa aqui.

ATUALIZAÇÃO (22/01): o programa é reprisado aos sábados, à 1h da manhã. Confira a grade dos próximos episódios (via Petrobras Fatos e Dados):

Globalização – 22/01

Educação – 29/01

Copenhague – 05/02

Revolução Tecnológica -12/02

Saúde – 19/02

Política – 26/02

Leia também: MTV investiga relação dos jovens com o meio ambiente

Com informações da Agência Estado, Estado de S. Paulo e Colherada Cultural

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Uma revolução contra o consumismo


Imagem: Gyre, de Chris Jordan.

Os grandes problemas ambientais de hoje não serão resolvidos sem uma revolução na cultura global. É o que diz o relatório "State of the World 2010 - Transforming Cultures: From Consumerism to Sustainability" ("Estado do Mundo 2010 - Transformando Culturas: Do Consumismo à Sustentabilidade", ainda sem versão em português), lançado no dia 12 pelo Instituto Worldwatch.

Segundo o relatório, na cultura de hoje as pessoas encontram significado e satisfação no que elas consomem, mas essa orientação cultural tem duras implicações para a sociedade e o planeta. Um cidadão dos Estados Unidos, por exemplo, consome em média, todos os dias, mais do que seu próprio peso. Se todo o mundo vivesse assim, a Terra só poderia suportar 1,4 bilhões de pessoas.

Desde 1960, o consumo aumentou seis vezes, diz o relatório, citando estatísticas do Banco Mundial. Mesmo levando em conta o crescimento global da população, isso quer dizer que hoje cada pessoa consome, em média, três vezes mais que há cinquenta anos. Isso levou a aumentos similares na quantidade de recursos explorados -- seis vezes na extração de metais do solo, oito vezes no consumo de petróleo e 14 vezes no consumo de gás natural. No total, são 60 bilhões de toneladas de recursos extraídas anualmente, uma elevação de quase 50% se comparada com trinta anos atrás.


Detalhe ampliado de Gyre.

O consumo é baseado em mais do que escolhas individuais. De acordo com o co-autor Michael Maniates, nós estamos agindo sob a influência de convenções culturais que moldam nosso comportamento fazendo com que coisas como fast food, ar condicionado e vida nos subúrbios pareçam cada vez mais "naturais", como se não pudéssemos imaginar a vida sem elas.

Para evitar danos ambientais no futuro, "a política por si só não será o suficiente. Uma mudança radical no desenho das sociedades humanas será essencial", diz o relatório. Christopher Flavin, presidente do Worldwatch, concorda que a mudança cultural é certamente um dos temas mais difíceis de abordar, mas, como diz Eric Assadourian, diretor do projeto, "esta mudança não só é possível, mas já está começando a acontecer". A maior parte do relatório, inclusive, não discute os estragos que já foram feitos, mas sim as ações que foram e podem ser tomadas para revolucionar a cultura.

O relatório, de 244 páginas, também aponta os papéis que as diversas instituições sociais -- como a religião, o governo, os meios de comunicação, as empresas e a educação -- podem desempenhar para estimular mudanças culturais. Separadamente, seus esforços podem parecer pequenos, admite o diretor, mas juntos podem produzir mudanças reais.

"Repare que o consumismo teve seu início apenas dois séculos atrás e realmente acelerou nos últimos 50 anos... Com esforço, nós podemos substituir o consumismo pela sustentabilidade tão rápido quanto nós trocamos a comida caseira pelo McLanche Feliz e os parques nos bairros pelos shoppings centers", diz Assadourian, referindo-se a fragilidade do que parecem ser raízes culturais profundas e sólidas.

Alguns trechos do "State of the World" podem ser lidos aqui. O relatório na íntegra pode ser comprado aqui.

Com informações de Matthew Berger/IPS

Sobre as imagens: Gyre (revolução) é uma obra feita com lixo pelo artista Chris Jordan, baseada na xilogravura A Grande Onda de Kanagawa, de Katsushika Hokusai. Uma foto de Gyre foi usada na capa do relatório. Veja outro trabalho de Jordan aqui.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Carros verdes são destaque em Salão do Automóvel nos EUA


O North American International Auto Show, mais conhecido como Salão do Automóvel de Detroit, começou na última segunda-feira (11 de janeiro) em meio à ansiedade das grandes montadoras para esquecer o ano de 2009, quando a crise exigiu que o modo como são fabricados os carros fosse repensado. Ou melhor, as crises: a econômica e a ecológica.

Por isso, os destaques deste salão não são os tradicionais carrões, antigos símbolos da cultura norte-americana, mas os modelos pequenos e híbridos, que são mais baratos e emitem menos gases causadores do efeito estufa. Não é à toa que no Cobo Center, onde é realizado o evento, há uma seção especial reservada para os carros mais ecológicos: a Eletric Avenue, ou Avenida Elétrica, que apresenta mais de 20 modelos de sete marcas, expostos em uma área de 20 mil metros quadrados.

Salão de Detroit: a frase “alternative energy” (energia alternativa), ao fundo, é um marco da nova era. (Foto: Divulgação)

Os veículos híbridos combinam motores elétricos e a gasolina em um mesmo carro. Sua produção está sendo financiada pelo governo dos Estados Unidos. A fabricação de modelos 100% elétricos ainda enfrenta dificuldades, devido aos custos da tecnologia, o tamanho e a autonomia das baterias, a adesão dos consumidores e a infraestrutura necessária para recarga. O presidente mundial da Fiat, Sergio Marchionne, alerta: "Tornar esses veículos viáveis comercialmente ainda é um problema importante".

Uma demonstração de que a indústria estadunidense está se readaptando é o lançamento do Fusion Hybrid, da Ford, que ganhou o prêmio de “Carro do Ano”. Ele poderá, inclusive, tornar-se o primeiro híbrido a ser importado para o Brasil. A montadora também exibiu o novo Focus, um carro compacto que tem na eficiência energética uma de suas principais características. Este modelo será vendido nos EUA a partir de 2011 e a sua versão elétrica (a primeira da Ford) chega em 2012. Outro automóvel que ganhou uma edição movida a eletricidade foi o Cinquecento, da Fiat. O Serie 1, da BMW, também ganhou um “irmão” elétrico, o Coupe ActiveE. Sua bateria tem autonomia relativamente alta: 160 km.

Mas foram os asiáticos que saíram na frente. A coreana CT & T lançou modelos elétricos de baixa velocidade e de dois lugares. A Subaru apresentou o carro conceito Hybrid Tourer, cujos dois motores elétricos podem ser utilizados em baixa velocidade sem a ajuda do motor a gasolina. Esse modelo ainda tem um dispositivo que desliga o motor quando o carro não está em movimento.

Fusion, Focus, Serie 1 Coupe Active E e Hybrid Touer. (Fotos: Carsale, Abril, Divulgação e Carlos Osorio/AP)

Já a Toyota, fabricante do híbrido Prius, que fez sucesso nos Estados Unidos, mostrou o FT-CH. O modelo é menor e mais leve que seu antecessor e pode ser movido a energia elétrica ou até mesmo a hidrogênio. A montadora japonesa pretende vender um milhão de veículos híbridos por ano no mundo. Entre os híbridos, também foram apresentados o NCC (Novo Cupê Compacto), da Volkswagen, o CR-Z, da Honda, e o Blue-Will, da Hyundai.

FT-CH, NCC, CR-Z e Blue-Will. (Fotos: Stan Honda /AFP, Telegraph, Paul Sancya/AP e Jeff Kowalsky/Bloomberg)

Esses automóveis podem estar ganhando espaço em Detroit, mas vale lembrar que boa parte dos carros apresentados são conceituais: isso quer dizer que podem demorar para chegar às ruas ou nem serem lançados. Alguns dos modelos com previsão de chegada às concessionárias dos EUA, ainda neste ano, são os elétricos Chevrolet Volt e Nissan Leaf.

Mas os norte-americanos parecem estar ainda resistentes a mudanças. Bob Lutz, executivo da General Motors que cuida do planejamento de produtos, afirmou: “O consumidor americano não muda seu pensamento com facilidade. Temos que atender a todos, mas na realidade apenas 5% compram carros movidos apenas por razões ambientais. Esse cenário parece que, se mudar, será lentamente”. O jornalista Robert Shumbert acrescenta: “A única maneira de a América aposentar os carros grandes será se o preço da gasolina se tornar proibitivo”.

Mesmo assim, os carros híbridos, elétricos e compactos estão conquistando pouco a pouco o seu espaço. A tendência é ganhar a preferência do consumidor, seja por uma questão de preço, seja por uma questão de consciência ecológica. Pelo visto, os modelos ecológicos já estão fazendo os antigos carrões subirem pelas paredes...

Dodge RAM, da Chrysler, pendurada de ponta-cabeça. (Foto: ZAP)


Com informações da Gazeta de Piracicaba, Monitor Mercantil, Zero Hora, ZAP Autos e G1.
Créditos da 1ª foto: Carsale
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segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Google investe em energia verde


Créditos da imagem: Austin Gage Druid, 12 anos (Concurso Doodle 4 Google) - via Ecorazzi

Por Claire Cain Miller*


Google é um sistema de busca, uma empresa de publicidade e, agora, uma fabricante de celulares. Mas uma empresa de energia verde? Isso também, disse Bill Weihl, chamado de "czar da energia verde" do Google, em uma entrevista com Jeffrey Marlow, do The Times, no blog Green Inc. Ele disse:

Algumas pessoas podem olhar para isso e dizer: "Eu não vejo nenhuma relação entre isso e os negócios do Google". E então, talvez cinco anos mais tarde, elas vão dizer: "Uau, foi bom vocês pensarem nisso".
O Google está interessado em tornar a energia renovável mais barata que o carvão, em parte, por causa de seus potentes servidores, que utilizam muita energia, mas também porque seus fundadores e muitos dos seus empregados simplesmente se preocupam com as questões ambientais, disse Weihl.

O gigante da Internet investiu 45 milhões de dólares em energia alternativa desde 2007, embora o objetivo principal não seja ganhar dinheiro, de acordo com Bill:
Ficaríamos satisfeitos se ganhássemos dinheiro com isso, obviamente; não é nosso objetivo não ganhar dinheiro. De modo geral, nós gostaríamos de ganhar tanto dinheiro quanto poderíamos, mas o objetivo principal é promover um grande impacto para o bem.
Na entrevista, Weihl também discute o problema do Google com o carvão, as tecnologias que podem resolver o problema -- energia térmica solar, geotérmica e eólica em grandes altitudes -- e o que ele acha que o Google pode fazer para combater as mudanças climáticas que outras empresas não podem.
Eu acredito que os problemas que estamos enfrentando são solucionáveis, mas eles não vão se resolver sozinhos. E para resolvê-los, ou precisamos gastar muito mais dinheiro e energia do que gastamos hoje, o que eu acho que provavelmente não é um bom começo, ou precisamos de inovações tecnológicas de ponta. Nisso eu acho que o Google pode ajudar.

*Traduzido do blog Bits, do The New York Times

Veja também: Google pode ajudar você a economizar energia (Revista Época)

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

2010: o ano da biodiversidade

Há quatro anos, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou que 2010 é o Ano Internacional da Biodiversidade. O objetivo é conscientizar a população mundial sobre a importância da diversidade biológica para a qualidade de vida e sobrevivência da humanidade, além de fazer um alerta para a sua perda contínua.

A campanha realizada pela ONU para promover a data recebeu o lema "Biodiversidade é vida - Biodiversidade é a nossa vida". Segundo a organização, o Ano Internacional é uma oportunidade única para aumentar a compreensão sobre o papel fundamental que a biodiversidade desempenha na manutenção da vida na Terra.

Mas o que significa, afinal, biodiversidade? Por que é tão importante conhecê-la e preservá-la? Descubra neste Sintonia Ecologia:



Sintonia Ecologia é uma parceria entre o Projeto Jogo Limpo e a Rosane Viola Produções, com edição de Mauro de Oliveira e roteiro de Felipe Saldanha.

Problemas para assistir ao vídeo? Leia a transcrição:

Biodiversidade vem da união da palavra bios, que em grego quer dizer vida, com a palavra diversidade. Também é conhecida como diversidade biológica. O termo pode ser usado com três significados. O primeiro se refere à variedade genética, que por sua vez, leva a variedade de indivíduos dentro de uma mesma espécie. O segundo significado corresponde à variedade de espécies presentes na natureza, sejam de animais, plantas ou outros organismos. Nem os cientistas sabem exatamente quantas espécies vivem no planeta. Cerca de 2 milhões já foram descobertas, mas o número pode chegar a cinquenta milhões. E o terceiro significado diz respeito à diversidade de ecossistemas presentes na terra, ou seja, de conjuntos formados por seres vivos e não vivos que interagem entre si.

A biodiversidade mantém as relações naturais funcionando e tem grande valor social, econômico e científico. O conceito surgiu na década de 1980, quando os movimentos a favor do meio ambiente ganharam mais força. Tornou-se especialmente importante devido à extinção acelerada de espécies, causada pela ação humana. Os locais mais afetados são as florestas tropicais, que concentram mais da metade de todas as espécies descobertas até hoje.

No Brasil, a situação é igualmente delicada. O país tem a maior diversidade biológica do mundo, abrigando cerca de vinte por cento das espécies conhecidas. Muitas delas são endêmicas – ou, em outras palavras, exclusivas do nosso território. Porém, problemas como a derrubada da floresta estão colocando toda essa riqueza em risco. No resto do mundo, a situação não é muito diferente. Se o ritmo da exploração do homem não diminuir, 1 em cada 5 espécies pode desaparecer até 2030. Como as plantas são a base dos ecossistemas, é nas matas que se encontra a maior biodiversidade. Por isso, preservá-las é tão fundamental.

Algumas ameaças à biodiversidade são o desperdício, a poluição, a monocultura e o uso exagerado dos recursos naturais. Animais exóticos trazidos ao nosso país também podem causar grandes prejuízos. É o caso do caramujo-gigante-africano. Nativo da África, veio parar no Brasil no fim do século XX. Seria usado na produção de escargot, mas escapou do controle de seus criadores e virou uma praga transmissora de doenças.

Outra grande ameaça é a biopirataria. É praticada por indústrias estrangeiras, que retiram ilegalmente animais e plantas brasileiros do seu local de origem para estudá-los e utilizá-los na criação de remédios, cosméticos e alimentos. Muitas iniciativas estão sendo tomadas para evitar esses problemas.

Em 1992, no dia 22 de maio, foi criada a Convenção sobre Diversidade Biológica, documento que cria regras para a conservação da biodiversidade, seu uso sustentável e a divisão dos benefícios obtidos com a sua utilização. O documento foi assinado por cento e oitenta e sete países e entrou em vigor no Brasil em 1993. O aniversário da convenção foi escolhido pela ONU para ser comemorado como homenagem à biodiversidade.

Uma parte da convenção também coloca limites para a biotecnologia, uma ciência que investe no melhoramento genético criando, principalmente, novos tipos de plantas. Mas é preciso tomar cuidado para que as espécies produzidas pelo homem não prejudiquem o meio ambiente.

A biodiversidade mostra a importância das diferenças para a vida na terra. E o mesmo acontece com as pessoas. Respeitar esses contrastes é o caminho para a humanidade.