sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Aquecimento global: um debate quente


Com o tema “aquecimento global” ganhando popularidade, começa a ficar visível a formação de dois grupos com visões opostas: para um, as evidências das mudanças climáticas são inegáveis; para o outro, é preciso ter mais ceticismo. Desse modo, debater o assunto corre o risco de ficar tão delicado quanto discutir sobre futebol, religião ou política.

Entretanto, um fator que pode ser o principal responsável por essa divisão de opiniões é a desinformação. Por exemplo: para quem mora em regiões frias, pode ser difícil acreditar no aquecimento global quando se tem neve na porta de casa. O que acontece é que o fenômeno realmente eleva a temperatura média mundial, mas, localmente, pode causar secas, tempestades e até resfriamento, entre outros fenômenos climáticos extremos. Um colunista do New York Times chegou a sugerir que trocássemos o termo por “estranheza global”.

Como em vários outros temas polêmicos, também se fala em “teorias da conspiração”, especialmente depois do chamado “climategate”, quando alguns documentos de cientistas que investigavam o aquecimento global foram vazados. Estes documentos supostamente minimizavam o impacto da ação humana sobre o clima. Desde então, muitos começaram a afirmar que esse foi o “início do fim” de uma farsa.

Por outro lado, os defensores das evidências do aquecimento estão preparados para o debate. O site Skeptical Science (Ciência Cética) reuniu os 91 argumentos mais utilizados por quem duvida das mudanças climáticas e mostrou o que a ciência tem a nos dizer sobre elas. Segundo a página:
Ceticismo científico é saudável. Os cientistas deveriam sempre desafiar a si mesmos para expandir seus conhecimentos e melhorar sua compressão. Mas isso não é o que acontece com o ceticismo do aquecimento global. Os céticos criticam vigorosamente qualquer evidência que fundamente a interferência do homem no aquecimento global e ainda abraçam cegamente e com empolgação qualquer argumento, coluna, blog ou estudo que refuta o aquecimento global.

Portanto, esse site é cético quanto ao ceticismo do aquecimento global. Seus argumentos têm alguma base científica? O que diz a literatura científica revisada?

A seguir, alguns dos argumentos céticos, em negrito, e a resposta científica. Mas, antes, queremos deixar claro que nossa intenção não é colocar um ponto final no debate, e sim buscar os fatos com o auxílio da ciência e mostrá-los, deixando você, leitor, livre para tomar a sua posição.
  • É o Sol: nos últimos 35 anos, o Sol mostrou uma ligeira tendência de resfriamento.
  • Não há consenso: segundo academias científicas de 19 países e diversas organizações que estudam as mudanças climáticas, os humanos estão causando o aquecimento global. Mais especificamente, 97% dos cientistas do clima publicam ativamente estudos que endossam a posição do consenso.
  • Os modelos não são confiáveis: embora haja incertezas com os modelos climáticos, eles conseguem reproduzir o passado e fizeram previsões que foram confirmadas mais tarde por observações.
  • A Antártida está ganhando gelo: enquanto o interior da Antártida Oriental está ganhando gelo, o restante está perdendo em ritmo acelerado.
Ilustração: montagem sobre artes de coscurro, flaivoloka e ilco/stock.xchng

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Vídeo: Matrix e meio ambiente

No filme Matrix (1999), uma das cenas mais marcantes acontece quando o Agente Smith (Hugo Weaving) prende Morpheus (Laurence Fishburne) e compartilha algumas reflexões sobre os seres humanos. Será que ele estava certo? E se nós tivéssemos o "direito de resposta"? Qual seria a nossa defesa?

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Ecosia: um buscador ecológico


"Salvar a floresta tropical, uma busca por vez". Este é o lema do Ecosia, que se anuncia como "o buscador mais verde do mundo". Os resultados das pesquisas feitas no site são fornecidos pelo Bing e pelo Yahoo. 80% da verba arrecadada com a publicidade (através de links patrocinados) é doada ao WWF para o programa de preservação do Parque Nacional Juruena, o terceiro maior do Brasil, localizado entre o norte do Mato Grosso e o sul do Amazonas.

A página do Ecosia afirma que cada busca protege uma área de dois metros quadrados de floresta, totalizando até o momento mais de 28 milhões de metros quadrados. Cada usuário poderia salvar em média, por ano, 2000 m². Não há custo para usar o serviço.

Um porta-voz do WWF disse que os buscadores verdes têm potencial para se tornar uma fonte importante de recursos para projetos ambientais. Segundo o fundador do Ecosia, Christian Kroll, os links patrocinados rendem bilhões aos buscadores todos os anos. Ao site BusinessGreen.com, ele declarou: "O Ecosia acredita que há uma maneira mais ecológica de utilizar este lucro e que o dinheiro seria melhor empregado para combater o aquecimento global" (preservar a floresta evita as emissões por desmatamento e reduz a quantidade de CO2 na atmosfera).

Este não foi o primeiro buscador ecológico a aparecer. No Brasil, o eco4planet disponibiliza a busca do Google em fundo preto e mantém um blog com notícias ambientais. A cada 50 mil acessos ao portal, uma árvore é plantada. Outras buscadores semelhantes no exterior são específicos para sites ecológicos ou neutralizam as suas pesquisas.

Acesse o Ecosia.

Com informações do Guardian e do Olhar Digital.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Biocombustível: vilão ou mocinho?

Os EUA abriram as portas para o etanol brasileiro, feito de cana-de-açúcar, mas as plantações ameaçam o Cerrado e a Amazônia. 

Na semana passada, os produtores brasileiros de etanol tiveram uma vitória. A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) anunciou que o etanol feito da cana-de-açúcar será utilizado para ajudar o país a reduzir suas emissões de gases do efeito estufa (GEE). Vale lembrar que este tipo de etanol é mais eficiente que o etanol de milho, produzido pelos norte-americanos. Segundo a EPA, o álcool brasileiro pode reduzir as emissões de GEE nos EUA em até 61%, comparado com a gasolina, ao longo de trinta anos.

Para o presidente da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), Marcos Jank, a decisão da EPA “é o passaporte do nosso etanol para o mundo”. Em entrevista ao G1, Jank disse que, apesar do fracasso de Copenhague, “o mundo acordou para a questão da mudança do clima” e fez um alerta: a descoberta do pré-sal não pode esfriar os investimentos em biocombustíveis. Para Jank, “podemos ser grandes produtores e exportadores de petróleo, mantendo uma matriz energética limpa no país”.

Por outro lado, nessa semana, pesquisadores da Universidade de Kassel (Alemanha) publicaram um estudo afirmando que as plantações de cana-de-açúcar e soja (matéria-prima para produzir biodiesel, outro biocombustível) podem tomar o lugar das pastagens. Com isso, a pecuária pode avançar sobre a Amazônia e o Cerrado e ser a responsável por metade de todo o desmatamento no Brasil até 2020. Isso causaria emissões de carbono que levariam 250 anos para ser compensadas pela troca de petróleo por biocombustível.

Os pesquisadores ainda dizem que seus cálculos foram otimistas e esperam que a produtividade agrícola cresça nos próximos anos. O líder do estudo, o ecólogo paulista David Lapola, disse também que é possível contornar o problema recuperando pastos degradados e abandonados. O texto causou polêmica: a secretária nacional de Mudança Climática, Suzana Kahn Ribeiro, afirmou que “se esse alerta pretende criar desconfiança em relação a nossos produtos, acho ruim”.

Não é a primeira vez que os biocombustíveis são colocados em xeque. Em 2008, pesquisadores disseram que o seu impacto ambiental pode ser maior que o da gasolina. No mesmo ano, Hugo Chávez afirmou que a sua produção equivale a “alimentar automóveis e não a humanidade”. Lula, por sua vez, disse que vê “com indignação que muitos dos dedos que apontam contra a energia limpa dos biocombustíveis estão sujos de óleo e carvão”.

Pelo visto, a questão ainda continua sem resposta: biocombustível, vilão ou mocinho?

Com informações da Agência Estado via G1, Folha de S. Paulo e Envolverde/Agência Amazônia

Leia também: O dilema de Tupi


Foto: bjearwicke/stock.xchng

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Jogando limpo no Carnaval


É época de Carnaval, e os foliões já estão saindo às ruas para se divertir, mas, infelizmente, muitos acabam sujando as ruas também. Apesar disso, a festa deste ano está sendo bem mais limpa – pelo menos no Rio de Janeiro – graças ao empenho de associações, ONGs e Poder Público.

No último dia 6 (sábado), o Bloco Limpeza na Praia, que é organizado desde 2003 pelo Instituto Ecológico Aqualung com o apoio de diversos parceiros, entrou na festa em Madureira, bairro onde foi fundada a mais tradicional escola de samba carioca, a Portela. O bloco explicou para a população os males causados pela produção de lixo e seu impacto para as praias, devido à contaminação que afeta animais marinhos e o próprio homem. O grupo também coletou guimbas de cigarro, tampinhas de garrafa, cotonetes, canudinhos e outros resíduos.

Já no bairro de Ipanema, os garis da Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) limparam e perfumaram (com essência de eucalipto) as ruas após o desfile do bloco “Simpatia É Quase Amor”. Os catadores da Febracom (Cooperativas de Catadores de Materiais Recicláveis), por sua vez, recolheram o lixo reciclável. Até a tarde de ontem (7), mais de 3,5 toneladas já haviam sido coletadas. Ao jornal O Globo, o diretor da Febracom, Jorge Neves de Souza, declarou: “Essa iniciativa não é boa só para nós, que vamos lucrar com o lixo, mas para toda a cidade”.

Segundo o G1, a Prefeitura do Rio investe na limpeza para mostrar a capacidade de manter a ordem em eventos grandiosos – provavelmente de olho nas Olimpíadas de 2016. Mas é importante também investir em educação ambiental e ações inovadoras como o Limpeza na Praia, uma vez que mais necessário que controlar o problema da sujeira é incentivar as pessoas a colaborarem com a limpeza, especialmente em momentos como o Carnaval, quando o lixo se acumula em grandes proporções.

Quer entrar na festa de forma consciente? Veja dicas para curtir o Carnaval pensando no bolso e no meio ambiente.

+ sobre Rio de Janeiro: Reciclagem no Rio ainda tem muito que avançar
+ sobre Carnaval: Folia e defesa do meio ambiente no carnaval de Curuçá
+ sobre Olimpíadas: Meio ambiente já foi desafio nas Olimpíadas de 2008; veja cobertura especial

Ilustração: cartaz do Bloco Limpeza na Praia (Divulgação).

(Obrigado Monique Futscher, do Mimirabolantes, por enviar as informações sobre o Limpeza na Praia.)

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Original e ecológico: produtos que pensam no consumidor e no meio ambiente

Produtos verdes não são sinônimo apenas de fabricação menos poluente e uso racional dos recursos naturais. Eles podem ser criativos, bonitos, úteis e também chamam a atenção para a questão ambiental. Uma loja online na Inglaterra é especializada em artigos orgânicos, eco-friendly (rotulados como ecologicamente corretos), fair trade (de comércio justo, aquele que respeita o consumidor, o trabalhador e os princípios da sustentabilidade) e projetados para economizar energia.

Veja abaixo alguns dos produtos mais interessantes à venda. Mas atenção: antes de qualquer compra, fique de olho para não cair na armadilha do greenwashing.

Caneca do CO2
Ao encher a caneca (sensível ao calor) com água quente, suas cores mudam, revelando as médias das pegadas de carbono de cada país. Pode ser um presente original e educativo e é uma oportunidade de discutir o aquecimento global com a família no café da manhã.

Caderno feito com capa de disco de vinil
A capa e a contracapa deste caderno espiralado são feitas com o papelão da embalagem de um álbum clássico. O papel usado nas folhas internas é 100% reciclado e livre de cloro. Ideal para ser usado por amantes da música e da natureza.

Kit de maquiagem orgânico
Segundo o fabricante, o kit é uma coleção de produtos de boa qualidade que combina o respeito à natureza com o aspecto de luxo procurado pelas consumidoras. Os cosméticos - incluindo sombra, gloss e blush - cuidam da pele, valorizando a beleza interior, sem utilizar aditivos tóxicos.

MP4 ecológico
4 gigabytes de memória interna (e aceita cartão de memória), toca músicas e vídeos, sintoniza rádio FM, guarda fotos e arquivos de texto... Este aparelho não só tem todas as qualidades essenciais para a sua categoria, como é ainda é movido a uma energia renovável: a força do seu braço. Para recarregá-lo, gire a manivela embutida na parte de trás. Girar por 1 minuto garante música por 45 minutos.

Cronômetro para chuveiro
Ajuste o tempo do seu banho, abra o chuveiro e aperte o botão para começar. Quando o tempo se esgotar, o aparelho emite um bipe e avisa que é hora de parar. Uma forma de incentivar crianças e adultos a economizar água e energia. Pode ser fixado na parede do banheiro com ventosas.