domingo, 28 de março de 2010

IPCC: a luta continua


Trecho do post As lições do IPCC, no blog Planeta & Clima, por Eric Camara, da BBC Brasil:
A poeira do "Climategate" ainda nem bem tinha baixado, quando surgiram novas acusações sobre a falta de rigor científico do IPCC, o Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas - as previsões supostamente erradas iam do desaparecimento de geleiras do Himalaia à "descoberta" de que a Amazônia é mais resistente ao aquecimento global, passando por mais de metade da Holanda debaixo d'água.

No meio da tempestade, nesta quinta-feira [25 de março], a coordenação do IPCC anunciou a escolha dos 3 mil especialistas que serão responsáveis pela elaboração do 5º relatório do painel, que deve sair entre 2013 e 2015. É o início do processo que levará a um documento como o que foi publicado em 2007, com uma avaliação de toda a produção científica recente relevante à mudança climática.

Destes 3 mil especialistas, entre 600 e 700 serão convidados, provavelmente até o fim de maio, para coordenar os grupos temáticos e dar início aos exaustivos trabalhos de revisão.

Espera-se que desta vez não aconteçam erros. Por outro lado, é bom não se esquecer de que sempre existirão grupos interessados - de tendências até opostas - em explorar as conclusões do IPCC. [grifo nosso] (...)

Que lições tirar dessa polêmica?

Primeiro, que existem falhas no processo de revisão do IPCC, que podem e devem ser corrigidas. Segundo, que qualquer processo deste porte esta sujeito a erro, mas eles precisam ser rapidamente admitidos e corrigidos, uma vez identificados.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Hora do Planeta 2010



Do site oficial:

No sábado, 27 de março, entre 20h30 e 21h30 (hora de Brasília), o Brasil participa oficialmente da Hora do Planeta. Das moradias mais simples aos maiores monumentos, as luzes serão apagadas por uma hora, para mostrar aos líderes mundiais nossa preocupação com o aquecimento global.

A Hora do Planeta começou em 2007, apenas em Sidney, na Austrália. Em 2008, 371 cidades participaram. No ano passado, quando o Brasil participou pela primeira vez, o movimento superou todas as expectativas. Centenas de milhões de pessoas em mais de 4 mil cidades de 88 países apagaram as luzes. Monumentos e locais simbólicos, como a Torre Eiffel, o Coliseu e a Times Square, além do Cristo Redentor, o Congresso Nacional e outros ficaram uma hora no escuro. Além disso, artistas, atletas e apresentadores famosos ajudaram voluntariamente na campanha de mobilização. (...)

Existem diversas formas de participação. A primeira delas é se cadastrar. (...) É bem rápido. O cadastro dos participantes é a principal maneira que temos de avaliar quantas pessoas apagaram as luzes. Os participantes brasileiros serão somados com os de outros países, formando uma grande corrente pelo futuro do planeta. Os nomes das empresas cadastradas vão aparecer na página Quem Já aderiu.

Acesse o site e participe.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Um debate quente: o retorno


Há duas semanas, o Blog do Jogo Limpo mostrou que o ceticismo em torno das mudanças climáticas está aumentando, apesar do consenso científico de que o homem contribuiu decisivamente para o aquecimento global. Uma reportagem publicada no New York Times mostra que, nos Estados Unidos, outro fator está aumentando ainda mais a polêmica em torno do assunto: a religião.

Críticos do evolucionismo, que defendem que a teoria de Charles Darwin deve ser ensinada apenas como um ponto de vista e não uma verdade absoluta, estão atacando também o aquecimento global. Segundo o texto, isso começou quando ir contra o ensino da teoria da evolução nas escolas públicas passou a ser considerado uma interferência da religião no Estado, o que viola a primeira emenda constitucional norte-americana. Mas, ao defender um “ensino ponderado” sobre outros temas polêmicos como a teoria do Big Bang ou as mudanças no clima, esses críticos podem argumentar que estão apenas buscando uma “liberdade acadêmica”.

Essa resistência encontra apoio entre políticos conservadores que não querem aprovar leis que controlem a emissão de gases causadores do efeito estufa. De modo geral, os cientistas dizem que não há dúvidas sobre a credibilidade nem do evolucionismo, nem do aquecimento, e se opõem às críticas. A reportagem mostra que, entretanto, nem todos os grupos cristãos têm postura resistente e que já existe um movimento nos EUA para o qual, se Deus criou a Terra, os humanos são obrigados a cuidar dela. Em parte, o assunto está sendo tão debatido pelo fato de que o ensino sobre as mudanças climáticas está sendo mais frequente nas salas de aula.

E aqui no Brasil?

Em entrevista ao G1, o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Gilberto Câmara, fez críticas ao ataque que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) está sofrendo depois do “climategate”:
O IPCC está com as verdades inconvenientes. Algumas dessas verdades são muito graves e têm um impacto enorme na sociedade atual e no futuro. É mais fácil desconstruir o IPCC do que enfrentar o fato de que é preciso mudar as práticas de uso de energia do mundo. É uma campanha orquestrada, do mesmo jeito que, nos anos 1960, os institutos de pesquisas associados aos grandes produtores de cigarro negavam insistentemente que havia risco à saúde ao fumar.

No caso daqueles e-mails [que vazaram], não há nada de anormal, de excepcional. São comentários que os cientistas fazem, às vezes por gozação. Além disso, os dados de evidências de mudanças climáticas não são só trabalhados por aquele grupo britânico. A quantidade de dados consistentes sobre aquecimento global são muito grandes, de muitas fontes independentes, de observação de muitos fenômenos, desde gelo do ártico, temperaturas observadas no Havaí, aumento do nível do mar, diminuição das geleiras, temperaturas mais quentes no verão europeu, aumento das chuvas e tempestades no Brasil.
+ sobre religião e ciência no Blog do Jogo Limpo:
Para ajudar o planeta, biólogo pede "acordo de paz" entre ciência e religião

Ilustração: Roberto Rizzato/Flickr

sexta-feira, 5 de março de 2010

Os exterminadores do futuro


A SOS Mata Atlântica é, provavelmente, o primeiro movimento ambiental organizado do Brasil. A ONG foi fundada em 1986 e, desde então, é reconhecida por projetos de recuperação e educação ambiental que ganharam notoriedade, como o Clickárvore, o Florestas do Futuro e a polêmica campanha Xixi no Banho. E a mais nova ação da SOS pode, novamente, dar o que falar.

Em pleno ano eleitoral, a organização lançará a campanha "Os Exterminadores do Futuro" no dia 10 de março, com a entrega de uma carta a deputados e senadores. O intuito é evitar mudanças no Código Florestal e na legislação ambiental brasileira. Cartilhas também serão distribuídas para alertar a população sobre as tentativas de parlamentares -- especialmente os da bancada ruralista -- de desfigurar essas leis.

Mas o principal objetivo da campanha é criar uma lista com o nome dos políticos que demonstraram desrespeito com o patrimônio ambiental do país. Da Envolverde/Amazônia.org.br:

(...) Como a campanha sugere, esse grupo deixa como herança a Terra devastada e destruída, sem garantia de sobrevivência para a nossa e para as próximas gerações. A lista prévia será apresentada à população em maio (durante o Viva a Mata 2010, evento que acontece entre os dias 21 e 23, na Marquise e Arena de Eventos do Parque Ibirapuera, em São Paulo) para que, em 2010 (ano eleitoral), a sociedade pense nos candidatos que elegerá para a representar. “Queremos mostrar para a população que todos podem fazer alguma coisa contra aqueles que querem promover retrocessos a nossa legislação ambiental e juntos construir política públicas em atos de cidadania ativa. E também mostrar aos políticos que estamos de olho neles e acompanhando tudo de perto”, explica Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica.

As primeiras informações sobre a campanha só foram liberadas ontem (4 de março), mas, analisando o cartaz de divulgação, parece que a abordagem será agressiva e, certamente, despertará a ira de muitos políticos "exterminadores"...

Ilustração via A Vida e a Obra