sábado, 1 de maio de 2010

Bag-in-box: vilã ou mocinha?


Recebemos esta semana um e-mail que alertava sobre um novo tipo de embalagem, a bag-in-box, constituída por uma bolsa plástica com uma válvula, colocada dentro de uma caixa de papelão. É utilizada principalmente para o acondicionamento de líquidos. O texto cita o fato de as sacolas plásticas terem se difundido e contribuído para o aumento na produção de lixo no país, e que sua produção tem caído frente ao uso de sacolas reutilizáveis. Entretanto, a bag-in-box seria uma ameaça ao meio ambiente:
Enquanto a maioria caminha nesta nova investida [reduzir ou substituir as sacolinhas] - a tendência ao banimento das sacolas plásticas é mundial - algumas empresas insistem em se manter na contramão. É o caso de duas empresas que em parceria desenvolveram recentemente para o mercado brasileiro de refeições coletivas uma embalagem intitulada “Bag-in-Box”. O problema deste lançamento é que a maior vilã do momento - a sacola plástica – aparece “disfarçada” dentro de uma caixa de papelão.

Trata-se de uma embalagem mista usada para envase de óleo de soja, cujo saco plástico que fica em seu interior pesa 122 gramas - peso equivalente a 46 sacolas plásticas de supermercados. Este resultado é a comprovação de que este modelo de embalagem é poluente e contribui aos milhões de toneladas de sacolas plásticas descartadas como lixo urbano.
O acordo citado no texto é uma parceria entre a Orsa (fabricante de embalagens) e a Louis Dreyfus Commodities (multinacional do setor de grãos e produtos primários). Entretanto, a bag-in-box não é utilizada exclusivamente para o envase de óleo de soja. A Vinícola Aurora começou a vender seus vinhos nessa embalagem em 2006. Segundo a empresa, "esta tecnologia de armazenamento evita que o vinho entre em contato com o ar, preservando as características do produto por várias semanas depois de aberto".

O Embalagem Sustentável apresenta a bag-in-box como uma iniciativa ecológica. O blog afirma que, em substituição à garrafa de vidro, há redução de 55% na emissão de carbono e 85% nos resíduos em aterros, e cita o exemplo da Boho Vineyards, empresa norte-americana que ainda agregou outros valores à embalagem: "O papel da caixa é feito em papel craft cru, sem o uso de cloro para o clareamento do papel. Ele é de papel 95% reciclado e foi impresso com tinta à base de soja".

O Cosmo On Line ainda cita outro uso possível para as bag-in-boxes: o transporte de produtos tóxicos. Por ser mais resistente, evita o derramento do conteúdo, o que poderia causar danos ao meio ambiente, e "requer 12 vezes menos material para ser fabricada do que uma embalagem rígida".

O uso da bag-in-box pode até ser criticado no caso do óleo do soja, especialmente porque não é possível enviá-la para reciclagem, a menos que seja lavada. O e-mail ainda apontava que a embalagem teria sido "desenvolvida para disputar mercado com a lata de aço, a qual, segundo afirmam os especialistas, é 100% reciclável e degradável, além de ter valor comercial como sucata".

Por outro lado, vale lembrar que, neste caso, o público-alvo do óleo é o mercado de refeições coletivas, que adquire esse produto em embalagens bem maiores que as tradicionais, voltadas ao consumidor final e encontradas nos supermercados. Além disso, segundo a DuPont, fabricante do material usado pela Orsa, a bag-in-box promove redução de custos com embalagem e proporciona redução do volume de lixo produzido.

Se a bag-in-box for utilizada como uma solução inteligente para o envase de produtos, então a sua disseminação será bem-vinda. Se ela começar a tirar o espaço de embalagens menos prejudiciais ao ambiente, aí devemos ficar de olho.

Observação 1: esta não é uma crítica ao autor do e-mail. Nós resolvemos divulgar e confrontar as informações por acreditar que uma conscientização ecológica de fato passa pela correta identificação e conhecimento dos problemas ambientais, analisando todos os lados envolvidos.

Observação 2: sobre a pergunta do título, não é possível definir se é a bag-in-box é vilã ou mocinha. Isso depende do uso que será feito, pelos motivos já apresentados. Tentar encontrar a resposta é praticar o maniqueísmo (isso foi rapidamente abordado no último post).

+ no Blog do Jogo Limpo: Especial sobre sacolas plásticas


Foto: Divulgação

9 comentário(s):

Biosfera disse...

Realmente todos os produtos sejam eles intitulados ecológicos, ou não. Merecem importância quanto a utilização, para ser mocinho ou vilão...
O que podemos dizer é... Repensar a necessidade de tais objetos...

Parabéns pelo texto!
=)

Mimirabolante disse...

Concordo......acho que antes de inventarem novas embalagens,deveriamos solucionar os nossos problemas......a embalagem só se torna vilã qd mal utilizada,certo?Posso estar errada......agora,é preocupante......

Felipe Saldanha disse...

Biosfera e Monique,
Obrigado pelos comentários e por estarem sempre presentes aqui no Blog!

Anônimo disse...

Meu seu blog é espetacular, show, not°10 desejo muito sucesso em sua caminhada e objetivo no seu Hiper blog e que DEUS ilumine seus caminhos e da sua família
Um grande abraço e tudo de bom
Ass:Rodrigo Rocha

Anônimo disse...

Meu, esses naturebas são muito chatos... TUDO que eles veem tem que ter algum problema, alguma coisa contra a natureza.

Caras, deixem de paranóia e vão viver a vida!

Reclamam tanto dos saquinhos de supermercado, mas o plastico do bom e velho computador que vcs usam, ninguem reclama, ne?

maduro disse...

A coca-cola tah com esses bag-in-box já faz tempo pra armazenar o xarope dos refris de máquina.
A tecnologia é recente no Brasil, mas rola faz um bom tempo fora.
e é uma porcaria, faz um volume do cacete no lixeiro, é ruim de desmontar pra separar o plastico do papel, até o catador reclama...
Antes else forneciam cilindros retornáveis

tudo pra diminuir custos logisticos e de produçao...

Unknown disse...

Na verdade o Bag in Box é uma evolução, pelo menos a ind. evita o uso de tambores metálicos que geram muitos efluentes poluentes no processo de lavagem para reutilização além de evitarmos perdas de produto pois não conseguimos esgotar totalmente a embalagem. Ja no BIB (bag in box) praticamento não há resíduo de produto pois podemos torcer a embalagem plástica esgotando-se o conteúdo e tudo é reciclável, inclusive o plastico. Não devemos esquecer que o uso do BIB evita o descarte das embalagens de menor volume.

Anônimo disse...

Ótimo post. Também recebi esse e-mail e questionei a pessoa se por um acaso se ela sabia se já haviam feito alguma Análise do Ciclo de Vida para determinar se a embalagem bag in box era pior no caso do óleo e a resposta foi meio vaga. É a mania de determinar que um tipo de embalagem é vilã ou mocinha, mas tudo depende das características do produto e do seu uso.
Não podemos ser radicais. É sempre necessário olhar toda a cadeia para determinar se uma embalagem é mais ou menos sustentável.

Felipe Saldanha disse...

Obrigado a todos pelos comentários!

Rodrigo,
Valeu! Que Deus te ilumine também!

Noname,
Sobre o plástico dos computadores, não podemos abrir mão de usar essa tecnologia, mas podemos colocar algumas atitudes em prática para minimizar o impacto. Veja alguns de nossos posts sobre o assunto:
Economize energia ao usar o computador
Fonte ecológica economiza 20% de tinta

Leandro,
Não sabíamos destes detalhes. Estão aí alguns pontos negativos para a bag-in-box...

Jaka,
Obrigado por sua colaboração para esclarecer e complementar o post!

Embalagem Sustentável,
Fico feliz por vocês terem gostado do texto, especialmente porque utilizamos o site de vocês como fonte. E não é só em relação às embalagens: qualquer atividade humana precisa ser visualizada no contexto para que seja medido devidamente seu impacto socioambiental.