Inovações podem representar significativos avanços na área ambiental, quando revelam novas formas de produção que poluam menos ou não afetem tanto o nosso planeta, e se constituir também em oportunidades de empreendedorismo. Uma inovação sustentável garante economia por causa dos processos menos exploratórios - e menos dispendiosos - e aumenta o valor agregado ao produto final: se o consumidor constatar que ele é realmente mais verde, e nem por isso menos eficiente ou duradouro, estará inclinado a comprá-lo.
Um bom exemplo dessa lógica é o caso do empresário Thái Quang Nghiã, vietnamita que vive no Brasil desde os anos 70, mostrado na reportagem da revista "Pequenas Empresas Grandes Negócios". Ele é proprietário de uma fábrica que produz calçados ecológicos, feitos a partir de pneu reciclado. No início das vendas, em 2004, essa característica do produto não era promovida como seu ponto forte. Hoje, o chinelo já é o carro-chefe da empresa, que não vende mais produtos feitos de material não-reciclável. Leia alguns trechos da matéria:
(...) [Thái Quang Nghiã] é dono do grupo Domini, que detém a marca Goóc, de sandálias de pneu reciclado, o carro-chefe da empresa, e de bolsas de lona de caminhão usada. Com faturamento de R$ 50 milhões no ano passado, a empresa tem 280 funcionários, duas fábricas em São Paulo e outra em Feira de Santana, na Bahia. Na carteira de clientes, gigantes do porte da C&A, Avon e Galeries Lafayette, a maior loja de departamentos da França. (...)
A maior das guinadas do Grupo Domini veio em 2004. Durante uma temporada de férias para visitar os irmãos que moram na França e nos Estados Unidos, o empresário teve a idéia de fabricar chinelos de pneu reciclado inspirados em um modelo popular no Vietnã dos tempos da guerra. Nasciam assim as sandálias Yepp (chinelo, em vietnamita). Um ano depois, rebatizou a grife de Goóc (raiz, em seu idioma). (...)
Na ocasião, não era tanto no apelo ecológico que ele apostava para vender o produto. “Eu pensava muito mais na resistência e na durabilidade da borracha do pneu.” O ponto de vista dos consumidores era parecido. Numa pesquisa de opinião, apenas 7% da clientela citou os benefícios ao meio ambiente como principal motivador de compra. Dois anos depois, em 2006, a parcela já havia saltado para 24%. Antenado à mudança, o empresário afinou o marketing com a veia verde do produto. Hoje, por exemplo, as sandálias vêm com um panfleto dizendo que cada pneu demora mais de 700 anos para se decompor. (...)
Embalado pela onda ecológica, o Grupo Domini traçou como meta para 2014 atingir a marca de 210 milhões de pares de chinelos vendidos — o suficiente para reciclar mais de 40 milhões de pneus. É um objetivo um tanto ambicioso. (...)
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