Fazer a sua parte, sem esperar pela contribuição de outros, é uma máxima do movimento ambiental há longo tempo. É verdade que os comentários de desestímulo não faltam, alegando que uma pessoa sozinha não muda o mundo. Mas a importância por trás desses atos de colaboração pessoal é mais profunda. A ação individual tem valor não apenas nela mesma, mas na sua capacidade de motivar, sensibilizar, estimular a reflexão e ser uma ponte para outras mudanças positivas de atitude.
Talvez tenha sido com esse pensamento que duas campanhas foram organizadas recentemente: o Xixi no Banho e o Black Pixel. A primeira, de autoria da SOS Mata Atlântica, incentiva de forma bem-humorada a prática que já fica clara no título. A ideia é economizar a água consumida por uma descarga. Mas, na verdade, é “um jeito legal de chamar a sociedade para a luta pelo ambiente”, como diz o diretor de mobilização da ONG, Mario Mantovani [fonte]. Para ele, “a proposta é brincalhona, o xixi no banho é algo simbólico, para falar de algo maior”.
Já o Black Pixel é um programa de computador do Greenpeace que instala um pequeno quadrado preto no monitor, economizando 0,057 watts por hora. Segundo o site da campanha, 1 milhão de pessoas já aderiu, totalizando uma economia de 1.425 lâmpadas por hora. A intenção é chamar a atenção para as mudanças climáticas e as energias renováveis. A organização afirma que “qualquer iniciativa para minimizar o impacto das emissões de CO2 é válida”.
Infelizmente, as duas ações geraram revolta. Na internet, foi dito que a campanha da SOS Mata Atlântica só teria adesão de quem tem empregada, não precisa limpar o banheiro e não se preocupa com o “cheirinho de xixi”. E um blog acusou o Greenpeace de mentir aos usuários do Black Pixel por não destacar, com a devida importância, que o programa não funciona em monitores LCD. Alegou ainda que “o Greenpeace calcula uma redução de consumo que é totalmente mentirosa”. Felizmente, também foi possível encontrar críticas construtivas.
O que causou tanta polêmica foi, em parte, o fato de muitos não entenderem o valor simbólico de ambas as campanhas. Não são fórmulas mágicas para economizar água e energia, mas sim um convite para o debate sobre os problemas ambientais. O ponto mais negativo é o fato de que a imagem da luta pela natureza sai desgastada quando a discussão é afetada pela falha na comunicação e no entendimento. Talvez as mensagens não tenham sido recebidas como o planejado. Por isso é tão importante as pessoas entenderem o contexto por trás de ações como um xixi no banho ou um quadrado preto.
Mais sobre o assunto no Blog do Jogo Limpo:
"Há coisas maiores por trás do xixi no banho"
Já fez xixi no banho hoje?
Este post faz parte da Ação Global 2009 – Um Brasil de Cidadania.
Foto: lusi/stock.xchng
sábado, 30 de maio de 2009
Campanhas ambientais: boas ideias, grandes polêmicas
Postado por
Felipe Saldanha
- às
17:33
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