terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Uma revolução contra o consumismo


Imagem: Gyre, de Chris Jordan.

Os grandes problemas ambientais de hoje não serão resolvidos sem uma revolução na cultura global. É o que diz o relatório "State of the World 2010 - Transforming Cultures: From Consumerism to Sustainability" ("Estado do Mundo 2010 - Transformando Culturas: Do Consumismo à Sustentabilidade", ainda sem versão em português), lançado no dia 12 pelo Instituto Worldwatch.

Segundo o relatório, na cultura de hoje as pessoas encontram significado e satisfação no que elas consomem, mas essa orientação cultural tem duras implicações para a sociedade e o planeta. Um cidadão dos Estados Unidos, por exemplo, consome em média, todos os dias, mais do que seu próprio peso. Se todo o mundo vivesse assim, a Terra só poderia suportar 1,4 bilhões de pessoas.

Desde 1960, o consumo aumentou seis vezes, diz o relatório, citando estatísticas do Banco Mundial. Mesmo levando em conta o crescimento global da população, isso quer dizer que hoje cada pessoa consome, em média, três vezes mais que há cinquenta anos. Isso levou a aumentos similares na quantidade de recursos explorados -- seis vezes na extração de metais do solo, oito vezes no consumo de petróleo e 14 vezes no consumo de gás natural. No total, são 60 bilhões de toneladas de recursos extraídas anualmente, uma elevação de quase 50% se comparada com trinta anos atrás.


Detalhe ampliado de Gyre.

O consumo é baseado em mais do que escolhas individuais. De acordo com o co-autor Michael Maniates, nós estamos agindo sob a influência de convenções culturais que moldam nosso comportamento fazendo com que coisas como fast food, ar condicionado e vida nos subúrbios pareçam cada vez mais "naturais", como se não pudéssemos imaginar a vida sem elas.

Para evitar danos ambientais no futuro, "a política por si só não será o suficiente. Uma mudança radical no desenho das sociedades humanas será essencial", diz o relatório. Christopher Flavin, presidente do Worldwatch, concorda que a mudança cultural é certamente um dos temas mais difíceis de abordar, mas, como diz Eric Assadourian, diretor do projeto, "esta mudança não só é possível, mas já está começando a acontecer". A maior parte do relatório, inclusive, não discute os estragos que já foram feitos, mas sim as ações que foram e podem ser tomadas para revolucionar a cultura.

O relatório, de 244 páginas, também aponta os papéis que as diversas instituições sociais -- como a religião, o governo, os meios de comunicação, as empresas e a educação -- podem desempenhar para estimular mudanças culturais. Separadamente, seus esforços podem parecer pequenos, admite o diretor, mas juntos podem produzir mudanças reais.

"Repare que o consumismo teve seu início apenas dois séculos atrás e realmente acelerou nos últimos 50 anos... Com esforço, nós podemos substituir o consumismo pela sustentabilidade tão rápido quanto nós trocamos a comida caseira pelo McLanche Feliz e os parques nos bairros pelos shoppings centers", diz Assadourian, referindo-se a fragilidade do que parecem ser raízes culturais profundas e sólidas.

Alguns trechos do "State of the World" podem ser lidos aqui. O relatório na íntegra pode ser comprado aqui.

Com informações de Matthew Berger/IPS

Sobre as imagens: Gyre (revolução) é uma obra feita com lixo pelo artista Chris Jordan, baseada na xilogravura A Grande Onda de Kanagawa, de Katsushika Hokusai. Uma foto de Gyre foi usada na capa do relatório. Veja outro trabalho de Jordan aqui.

1 comentário(s):

Mimirabolante disse...

Oi!
Gostei da postagem e da arte.......Tento diminuir o meu consumo......tento diminuir o consumo da família tbm........é uma tarefa difícil,porém,devemos tentar.......bjcas