Medicamentos que compramos nas farmácias e despejamos pelo ralo da pia ou jogamos no vaso sanitário podem comprometer a qualidade da água que bebemos. Algumas substâncias não são eliminadas pelo processo de tratamento do esgoto e há o risco de que causem até câncer no ser humano. Mesmo o descarte pelo lixo tem suas complicações.
Quem dá o alerta é o Jornal do Brasil, em reportagem publicada na segunda (15). No entanto, a matéria também traz esclarecimentos sobre a questão e dicas para se tomar uma atitude mais correta: comprar menos remédios e, se possível, procurar o farmacêutico para a destinação adequada destes produtos após o vencimento. Leia alguns trechos:
Esse problema é um consenso entre a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e o Conselho Federal de Farmácias (CFF).Foto: Gastonmag/stock.xchng
Porém, até o momento não existe uma legislação que regulamente o descarte de resíduos doméstico, e a privada continua sendo a lixeira dos produtos.
– A Anvisa instrui as pessoas a descartarem o material em vasos sanitários, mas não concordo. As substâncias dos remédios vão parar nas águas dos rios que acabam sendo mananciais de água potável. Como nosso sistema de saneamento não é 100% eficiente, esses medicamentos acabam sendo distribuídos nas águas e as pessoas ficam, cronicamente, expostas a substâncias como, por exemplo, antibióticos e hormônios – afirma Wilson Jardim, professor do Instituto de Química da Unicamp.
Calcula-se que 20% dos medicamentos adquiridos são descartados de alguma forma no meio doméstico, informa Antonio Barbosa, coordenador nacional do Instituto Brasileiro de Defesa dos Usuários de Medicamentos (Idum).
– O descarte de medicamentos é uma das maiores causas de envenenamento e intoxicação em comparação ao contato com produtos químicos – alertou Barbosa.
O Conama também não dispõe de norma que regulamente o lixo doméstico.
Para o assessor técnico do CFF, José Luis Maldonado, os restos de remédios não devem ser jogados em casa, “o ideal seria devolver à farmácia” pois, segundo ele, o farmacêutico é responsável pelo plano de gerenciamento de resíduos.