Uma fieira um tanto repetitiva de obras recentes andou reeditando o velho conflito entre ciência e religião. "A Criação - Como salvar a vida na Terra", de Edward O. Wilson, que acaba de chegar ao Brasil, é uma lufada de ar fresco justamente por se contrapor a essa tendência. A ciência e a fé precisam urgentemente de uma trégua, diz ele -- e o preço do fracasso nessas negociações de paz pode ser a própria vida na Terra.
Dependendo de como se vê a questão, o veterano Wilson pode ser a pior ou a melhor pessoa para negociar esse armistício. O pesquisador da Universidade Harvard, um dos maiores especialistas do mundo em biodiversidade, cresceu no sul dos Estados Unidos e foi membro da Igreja Batista, uma das mais fervorosas denominações evangélicas do mundo. Mais tarde, porém, deixou a religião de lado.
Wilson estrutura seu longo apelo na forma de uma carta, endereçada a um pastor protestante do sul dos EUA e, portanto, conterrâneo cultural do próprio biólogo. Os argumentos para proteger a Criação divina não são, em si mesmos, originais: Wilson enfatiza a riqueza da biodiversidade como fonte dos medicamentos e alimentos do futuro, e como alicerce da sobrevivência humana: sem os demais seres vivos, serviços essenciais, como ar e água puros, fertilidade do solo e regularidade do clima desapareceriam, e nenhum sistema feito por mãos humanas poderia substituir o que a biodiversidade faz hoje de graça.
O que há de novo nesse apelo é a tocante humildade para cruzar barreiras, para estender a mão ao outro. Wilson tem a coragem de dizer que não se importa se seu interlocutor fundamentalista não acredita na evolução e acha que a Terra tem só 6.000 anos de idade. As visões diferentes sobre a natureza do Universo encolhem em importância quando o que se coloca na mesa são valores: a sacralidade do mundo vivo, a beleza da biosfera.
A mensagem, portanto, é clara: podemos concordar em discordar e, mesmo assim, agir lado a lado para evitar o pior para nós mesmos e para nosso planeta. Wilson pode não acreditar mais no Deus que criou os céus e a terra, mas qualquer pessoa religiosa é capaz de balançar a cabeça em aprovação ao ouvir sua defesa da Criação:
"Nenhuma palavra, nenhuma obra de arte, é capaz de capturar toda a profundidade e complexidade do mundo vivo. Se um milagre é um fenômeno que não conseguimos entender, então toda espécie é, de certa forma, um milagre."
Leia a notícia completa (Fonte: Globo Online via Ambiente Brasil).
Ilustração retirada do blog do Daniel Piza.
quinta-feira, 3 de julho de 2008
Para ajudar o planeta, biólogo pede 'acordo de paz' entre ciência e religião
Postado por
Felipe Saldanha
- às
21:00
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3 comentário(s):
Eu não recebi e-mail nenhum seu.
Como que é mesmo? Tenho que publicar essa matéria no meu blog e te linkar, só isso?
Abração Felipe
fique na GRAÇA
Também percebi o mesmo. Vestibular é bem + tranquilo, tem + tempo e é mais claro.
Hoje acertei 48 dos 60 itens, vamos ver o que tem pra amanhã
Abraços Felipe
Boa prova pra vc tb
Fique com DEUS!
tirou 32 dos 110 pontos?
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