Pôr do sol em Manaus, Amazonas. (Foto: whl.travel/Flickr)
As mudanças climáticas e o desmatamento na Amazônia são dois dos temas mais polêmicos e mais comentados aqui no Blog. O primeiro levou a um debate quente – com o perdão do trocadilho – sobre o papel da ação humana no fenômeno (que o aquecimento global existe já é um consenso, pelo menos entre os cientistas). O segundo também gera controvérsias: existem vários métodos para medir e prever o desmatamento, e os resultados podem ser bem diferentes. (Mas isso é assunto para outro post.)
Como hoje é o Dia da Amazônia, resolvi fazer um texto juntando os dois assuntos. Qual é, afinal, a relação entre aquecimento global e a Amazônia? Um artigo no site RealClimate explica: as mudanças climáticas diminuem as chuvas na época da seca. Isso não interfere tanto no crescimento das árvores, mas aumenta a mortalidade, pois elas não conseguem suportar essa dimunição.
Cruzeiro do Sul, Acre. (Foto: Vihh/Flickr)
Quanto mais árvores morrem, mais carbono é liberado para a atmosfera: uma seca em 2005 fez a Amazônia emitir 3 bilhões de toneladas de CO2, de acordo com estudo também apontado pelo RealClimate. As árvores da Bacia Amazônica acumulam um estoque de carbono equivalente a mais de uma década de emissões de combustíveis fósseis. Sem falar que, segundo o WWF, a derrubada e a queimada de florestas correspondem a 75% das emissões brasileiras de gases causadores do Efeito Estufa, colocando o Brasil na posição de quarto maior emissor do planeta.
Em janeiro, o Banco Mundial lançou um relatório afirmando que "desmatamento zero é uma necessidade emergencial, embora insuficiente para evitar uma catástrofe" (relembre aqui). O estudo apontou que o desmatamento não poderia passar dos 20% da área original da floresta. Do contrário, somado ao aumento de dois graus na temperatura global e às queimadas na região, pode enfraquecer o sistema de chuvas da Amazônia. Esse sistema também influencia as chuvas das regiões Centro-Oeste e Nordeste do Brasil e o norte da Argentina.
“As mudanças climáticas diminuem as chuvas e
aumentam a mortalidade de árvores. Quanto
mais árvores morrem, mais carbono é liberado”
Além disso, as ameaças podem levar a parte leste da floresta a se transformar em Cerrado. O estudo conclui que a floresta pode ser reduzida para três quartos de sua formação original até 2025 e apenas um terço até 2075. Esse é o chamado Amazon Dieback (Colapso da Amazônia). Outro estudo do Banco Mundial (relembre aqui), voltado especificamente para o Brasil, aponta que a diminuição de chuvas teria impactos na agricultura e na disponibilidade de água para geração de energia.
Alguns discordam: um estudo divulgado na revista estadunidense PNAS afirma que a Amazônia não é tão vulnerável à seca e que a falta de chuvas não seria suficiente para transformá-la em Cerrado, embora afirmem que a degradação causada pela mudança climática provocada pelo homem poderia fazer o Dieback acontecer ainda neste século. Mas em um ponto todos concordam: a biodiversidade da floresta amazônica precisa ser preservada, e para isso ações urgentes são necessárias.
Com informações de Tierramérica via BCI, BBC, Switchboard/NRDC e relatório "Estudo de Baixo Carbono para o Brasil" do Banco Mundial.
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